Capítulo 3.

Estamos muito felizes com os comentários positivos. Obrigada aos 8 membros que estão participando do blog. Espero que gostem do capítulo. Boa leitura.

O celular de Max tocou enquanto ele tomava banho. Melissa que estava deitada resolveu atender depois do pedido do namorado. Ao ver quem estava ligando uma leve preocupação tomou conta da garota.

– Sra. Clarice? Tudo bem? Aconteceu algo? – Perguntou ela tentando parecer casual.

– Melissa? Olá querida, onde Max está? Eu preciso falar com ele. – Por mais que Clarice tentasse demonstrar calma a sua voz mostrou o contrário. A garota concordou e correu para o banheiro com o celular na mão, ela sabia que se algo acontecesse com a avó do Max ele não suportaria.

– É a sua avó. – Avisou Melissa. Pela cara da namorada Max logo pensou o pior. Ele colocou uma toalha na cintura e correu para atender o celular.

– Vovó? O que houve? Você está bem? – Ele já estava quase desesperado.

– Max. Aconteceu algo. Eu estou bem, mas a Summer...

– O que ela fez? Ela te machucou? O que ela fez vovó? – Logo a raiva tomou conta de Max. Como Summer pode deixar Clarice nesse estado de nervos?! Ele já se perguntava.

– Calma, querido. Ela não me machucou. Eu acordei hoje e ela não estava mais aqui. Só deixou um bilhete avisando que estava indo para sua casa mais cedo do que o combinado.

– Como assim, ela veio para cá sem avisar? Ela é maluca? – Max aumentou a voz. Summer é louca. Todos já sabiam isso, mas a pergunta simplesmente saiu dos lábios dele. Melissa tocou e seu braço ainda molhado a fim de acalmar o namorado.

– A culpa foi minha. Eu estava pressionando ela, querendo saber aonde ela ia e com quem estava. Ela se sentiu sufocada. Filho, por favor. Quando ela chegar ai me avise. Eu preciso saber se ela está bem. – Clarice agora suplicava para seu neto que estava tomado pela raiva.

– Ela passou dos limites vovó. Como ela pode te deixar assim... preocupada?!

– Max, por favor, não brigue com ela. Só me avise, está bem? Por favor. – Ao ouvir a súplica de sua avó ele respirou fundo e se acalmou.

– Tudo bem vovó. Assim que essa... garota chegar eu ligo pra senhora. Amo você. – Clarice sem perceber respirou fundo também.

– Eu o amo mais, meu filho. – Max esperou sua avó desligar e logo depois encarou sua namorada que se mantinha preocupada.

– Max, o que aconteceu? – Ela se aproximou do namorado que esfregava a cabeça em sinal de raiva.

– Aquela garota! Foi isso que aconteceu. Ela está vindo pra cá. Ela veio antes do combinado e sem avisar a vovó. Você tem noção Melissa?! Minha avó não pode ficar preocupada assim. Summer nem liga pra saúde dela. – Conforme ele repreendia a atitude se Summer sua voz se elevava. A morena se aproximou e abraçou o namorado com a intenção de acalmá-lo. O que Summer quer afinal de contas?! A garota na maioria das vezes julgada como estranha tem a incrível habilidade de intrigar e enfurecer a mais sensata das pessoas. E isso estranhamente sempre a divertiu.

Melissa beijou vários pontos do rosto ainda úmido do namorado tentando fazê-lo relaxar e por alguns segundos isso funcionou. O garoto chegou até a esboçar um fraco sorriso de canto. Porém o casal começou a ouvir gritos vindos do andar de baixo. E esses se intensificaram cada vez mais. Eram os sons da briga de Summer com Nathan. A insistência da menina em entrar e falar com Max bateu de frente com a insistência de Nathan em não chamar o amigo antes de saber quem era a garota diferente e o que ela queria.

– Sai da minha frente garoto! – Summer gritava totalmente sem paciência.

– Não saio não. Eu moro aqui. Isso é invasão de domicílio! – Reclamou ele com a voz elevada também.

– Liga para a polícia então porra! Mas enquanto você liga eu vou entrar e falar com Max.

Summer forçava seu corpo contra o de Nathan a fim de entrar na casa. Porém o garoto colocou as mãos no batente da porta e resistiu fortemente contra a vontade da garota.

– Você não vai falar com ele! O que você quer garota?! Você é louca?!

– ME DEIXA! EU QUERO FALAR COM O MAX! – O grito de potência máxima de Summer fez com que Max e Melissa que estavam no alto da escada arregalassem os olhos espantados e paralisados.

– Não faz escândalo sua maluca! Só me diz quem você é. Você não sabe seu nome?!

Nathan argumentou tentando deixar as coisas mais racionais, porém Summer já tinha atingido seu limite e o empurrou com toda a força que ainda tinha. Nathan havia se descuidado nesse mesmo segundo e os dois caíram com tudo no chão. O corpo magro e cheio de tatuagens de Summer ficou sobre o de Nathan, ainda assustado. Os rostos estavam próximos demais e as respirações aceleradas. Summer prendeu os olhos nos de Nathan por um segundo e sentiu algo a atingindo com tudo. Ela não soube identificar que sentimento era. Mas ela sentiu algo novo e em seguida uma necessidade quase vital de se afastar do garoto. Summer se levantou toda desajeitada e se encolheu em uma das paredes da casa. Max terminou de descer as escadas rapidamente e estendeu a mão para Nathan, o ajudando a levantar. A confusão já tinha tirado todos da cama, com exceção apenas de James que estava cansado demais e ainda pensava se levantava ou não.

– Essa maluca está tentando invadir nossa casa para falar com você! – Nathan falou apontando para Summer que ainda se encolhia e os encarava com o olhar mais desconfiado de todos. A garota estava extremamente incomodada pelo que sentiu ao olhar Nathan de perto.

– Eu sei quem ela é. – Max avisou tranquilizando o amigo.

– Eu só queria saber o nome dela! Só isso! – O mais novo continuou reclamando indignado.

– É SUMMER! MEU NOME É SUMMER. – A garota se desencostou da parede e gritou. – Satisfeito agora?! – Os outros apenas acompanharam a cena calados e surpresos por toda a confusão. – Onde é o meu quarto Max? – Summer logo perguntou querendo sair de perto de todos.

– Como assim um quarto?! Aqui não é uma pensão não! – Thomas se pronunciou da metade da escada.

Com o sono e a ressaca ele nem percebeu que Summer era o nome da garota que Max iria acolher ali a pedido da avó.

– Ela é a garota que falei pra vocês Tom. – Max o lembrou. – Summer morava com minha avó e passará um tempo conosco.

– Ah! – Tom abriu mais o olhos e levantou uma das sobrancelhas. – Ela é a Summer?! – Perguntou transparecendo que espera uma garota totalmente diferente. Quer dizer, ele esperava uma garota mais comum e Summer não era nem um pouco assim. – Nossa... – Soltou ainda processando as informações.

– Qual é o problema?! Está decepcionado?! – Summer questionou de cara feia.

– Eu não disse nada... – Tom se fez de inocente.

Todos ficaram calados na situação constrangedora. E por todo tempo que Melissa observou Summer sentiu algo de familiar nela. O modo de se vestir da garota não era novo para ela. Melissa sempre conviveu com pessoas de estilo forte e exótico. O próprio estilo da namorada de Max era ousado. Simpática, ela colocou seu melhor sorriso no rosto e decidiu conduzir a situação.

– Eu sou Melissa. Namorada de Max. Prazer em conhecê-la.

A garota dos cabelos negros e pesados encarou Summer esperando uma resposta. Summer não fez questão de abrir a boca. Nunca se sentiu obrigada a ser educada com ninguém.

– Eu sou Siva. – O moreno igualmente simpático terminou de descer a escada. – Aquele é o Nathan e o esquecidinho ali é o...

– Tom. – Summer completou calma mostrando que dispensava apresentações. Ela tinha sido quase obrigada a ver entrevistas e apresentações deles junto com Clarice. A idosa não tinha com quem dividir o sucesso do neto e orgulho por ele, então fazia isso com Summer mesmo que evidentemente a garota não desse a mínima. – Conheço vocês. Agora será que posso ir para meu quarto? – Perguntou com a voz baixa e a mesma carranca de sempre.

– Essa é a garota nova?! – James surgiu do alto da escada ainda tonto por ter acabado de levantar. Sua cabeça doía muito pela bebedeira da noite anterior, mas ver Summer ali o fez ignorar isso. Rapidamente ele já estava na sala. – É um prazer te conhecer Summer. Eu sou Jay!

O garoto dos cachinhos não pensou duas vezes antes de tomar Summer em seus braços. Ele a apertou de modo aconchegante e empolgado, chegando a levantar um pouco os pés da garota do chão. No mesmo momento ela paralisou chocada com a atitude inesperada de Jay. Summer nunca gostou de ser tocada, muito menos de modo carinhoso. Isso sempre a trazia lembranças e sensações ruins. Meio segundo depois de ser agarrada pelo garoto empolgado Summer se livrou do abraço de modo totalmente bruto e o encarou com raiva no olhar. Os lábios de Jay se entreabriram pela surpresa e confusão.

– Nunca mais toque em mim. – Summer proferiu pausadamente praticamente cuspindo veneno. – Me abrace assim novamente, e com certeza eu farei com que seja o ultimo abraço de sua vida. – Completou ameaçando James e o garoto arregalou os olhos azuis. Todos na sala ficaram intimidados com a rispidez.

– Eu não... – Ele sussurrou tentando organizar os pensamentos. Esse tipo de primeiro contato com Summer não era nem de longe esperado por ele. – Me desculpe. – Abaixou o olhar envergonhado.

– Não se preocupe Jay. Summer só não está acostumada com isso. Ela é uma garota quieta. Sempre foi. – Max tentou fazer o amigo se sentir melhor.

Agora todos podiam definir Summer com adjetivos piores do que contida ou estranha. Summer sempre foi hostil e nunca teve medo de mostrar isso. Ela fazia questão na verdade. Era a forma mais fácil e rápida de afastar as pessoas. Ser mal educada e dura nas palavras.

Os presentes na sala se entreolhavam. Melissa novamente sentiu a enorme necessidade de fazer o clima ruim entre todos ir embora, pelo menos em parte.

– Eu vou te levar até seu quarto. Terminamos de arrumar ontem à noite. Eu terminei. – Ela falou com um ar leve.

Summer deu uma última boa olhada em Nathan. Apressada ela pegou sua mala que ainda estava do lado de fora da casa, juntamente com sua mochila suja. Melissa começou a subir as escadas e a outra a acompanhou. Elas sumiram da vista dos outros.

Nathan respirou fundo tentando processar com clareza toda a cena que havia protagonizado com Summer. Quando a garota ficou muito próxima dele uma sensação também o preencheu. Algo que Nathan não conseguiu identificar. Max também puxou o ar para os pulmões com força desejando que aquela confusão acabasse ali e que os meninos simplesmente ficassem longe de Summer. Talvez se ele tivesse falado melhor de Summer nada disso teria acontecido. Max se sentiu de certa forma culpado.

– Cara, essa garota é muito estranha. Porque você não disse que ela era assim? – Tom foi o primeiro a questionar a atitude de Max.

– Eu não queria assustar vocês ou algo do tipo. Desculpe.

– Eu pensei que ela fosse matar o Jay. – Nathan comentou. – Claro, que antes ela o torturaria bastante. Parece mais o estilo dela. – Zombou levemente.

– Ela não é perigosa assim. Tenho que ligar para minha avó. Depois conversamos sobre isso.

Max fugiu das perguntas e comentários dos amigos e se fechou em seu quarto. Se os garotos soubessem do passado da moça, os julgamentos só aumentariam.

– Esse é o seu quarto. – Melissa abriu a porta e deu passagem para Summer entrar. – Tem um banheiro no final do corredor e outro lá embaixo. – Ela sorriu doce enquanto a loira jogava a mochila em cima da cama e olhava em volta. – Vou tomar um banho e já volto pra ver se você vai querer alguma coisa. Bem vinda. – Antes que Summer pudesse protestar Melissa saiu do quarto.

– Alô? Vó? – Max se sentou na cama e esperou a resposta de sua avó.

– A Summer já chegou? Ela está bem? – O desespero na voz de Clarice era notável.

– Sim, vó. Ela já chegou e esta bem, já esta no quarto dela. – Max preferiu não comentar sobre o incidente recente de Nathan com Summer.

– ÓH! Graças a Deus. Você não brigou com ela, não é querido?

– Não, não briguei vovó. A senhora está bem?

– Sim, estou bem melhor agora que sei que ela já esta ai. Eu te amo meu filho. – Clarice soltou um suspiro de alívio. Toda a preocupação que ela tinha em relação a Summer sumiu. Agora ela esta segura com seu neto.

– Também te amo vovó. Até mais. – Max esperou sua avó desligar e fez o mesmo.

Summer sentou na cama e observou seu quarto, as paredes brancas, uma cama de solteiro e um armário, não era grande, mas dava pro gasto. Com certeza ela iria mudar algumas coisas, o quarto estava leve demais. Talvez alguns pôsteres, algumas pinturas iriam deixar o quarto mais a sua cara. Ela bateu no colchão duas vezes e suspirou. Parece que o plano de morar aqui sem chamar muita atenção foi por água abaixo. Também com a bela entrada. Falando nisso, sua mente parou em Nathan e no que ela sentiu quando o encarou de perto. Quer dizer, que sentimento era esse? Ela nunca tinha sentido nada igual ou perto disso. Summer queria tirar isso de si o mais rápido possível, nada que é novo faz bem. Ela já estava acostumada com os seus sentimentos de sempre e não precisava de mais um, ainda mais um que envolvia um garoto – muito idiota falando nisso – o jeito é ficar o mais longe possível dele.

Summer foi tirada de seus pensamentos por 2 batidas na porta e logo Melissa estava dentro do quarto com seu sorriso simpático de sempre. O que fez a Summer bufar, a última coisa de que ela precisava era de uma garota fingindo ser simpática com ela.

– Vamos descer para tomar café? – A morena fez o convite numa tentativa de fazer Summer interagir com os outros da casa e tirar a má impressão.

– Não. Valeu. – A loira respondeu sem olhá-la nos olhos. Summer estava morrendo de fome já que não tinha comido nada durante a viagem, mas ela esperaria até que todos saíssem da cozinha.

– Eu sei que você esta com fome. Posso ouvir sua barriga roncar daqui. – Melissa soltou uma gracinha e riu. Summer a olhou surpresa e colocou a mão na barriga. Ela estava com fome, mas não a ponto de poder ouvir sua barriga reclamar. – Desculpe. Era brincadeira. Mas você acabou de confirmar que está com fome. – Melissa sorriu mais uma vez e suspirou ao ver que Summer não desceria. – Já que você não vai até o café da manha, o café da manha virá até você. Já volto. – Summer a encarou com dúvida e ela piscou saindo do quarto.

Essa garota é maluca?! Quem deu liberdade para ela fazer brincadeirinhas?! Parece que todas as garotas são assim. Bancam as engraçadas para ganhar a simpatia e carinho de todos. Assim que Melissa chegou à cozinha todos que estavam lá a encararam.

– Onde está a garota? – Siva foi o primeiro a se pronunciar.

– Ela não quis descer para tomar café aqui, portanto vou levar um café pra ela. – A morena deu de ombros e ninguém mais resolveu falar nada. Na verdade eles estavam meio que aliviados de não ter que comer com ela.

Melissa pegou 2 panquecas, umas torradas, levou café, suco e uma geléia. Ela sentia necessidade de conhecer melhor Summer, poder entendê-la. Logo a garota bateu mais uma vez na porta e entrou mesmo sem permissão. Summer vestia um short, uma blusinha preta simples, usava chinelos, estava procurando se sentir o mais a vontade possível no quarto novo.  Ela tomou um susto ao ver Melissa entrando no quarto. Summer nunca gostou de ser vista fora de suas roupas que escondiam o máximo possível de sua pele.

– O que você está fazendo aqui? – Summer perguntou ríspida com a intenção de fazer Melissa sair do quarto.

– Trouxe seu café. – A garota colocou a bandeja em cima do criado mudo vazio e sentou na cama. – Nossa! Adorei suas tatuagens. Que foda.

Summer se viu surpresa ao comentário da outra garota. Ninguém nunca elogiou as tatuagens dela. As pessoas achavam de mal gosto uma garota com tatuagens até no pescoço.

– Qual foi a mais recente que você fez? – Melissa a olhou com admiração.

Summer ainda calada apontou para o pescoço. A boca de Melissa se abriu e nos seus olhos havia excitação. A namorada de Max sempre gostou de tatuagens, mas nunca teve coragem de fazer uma.

– Doeu muito? Eu sempre quis fazer uma. – Ela encarou Summer. A loira esperava que Melissa fosse uma dessas meninas mimadas que iria olhar com desdém para ela, porém muito pelo contrário, a sua aparência a deixava mais admirada do que amedrontada.

– É uma dor suportável. Pelo menos para mim. – Summer deu e ombros e colocou a toalha em cima da mesinha.

– Posso ficar aqui com você? Quer dizer, eu quero saber mais das tatuagens. Eu ainda vou fazer uma. Quando perder o medo da dor é claro. – O pedido de Melissa fez Summer quase revirar os olhos. Entretanto incentivar a morena a fazer uma tatuagem até que não seria tão ruim, ainda mais suspeitando que Max não aprovaria a namorada aparecer de repente em casa com uma caveira enorme nas costas ou algo do tipo. Ouvir Melissa falar poderia ser interessante.

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